Segunda-feira, 8 de Junho de 2009

Natal contemporâneo (parte IX; fim)

Para que conste: até eu acho este final fraquinho, mas enfim na altura senti a necessidade de explicitar a minha ideia de forma atabalhoada em género de conclusão.

 

Felipe apercebeu-se que o seu protégée era na realidade uma criança triste, e apesar da melancolia e apatia lhes permitir uma melhor visão das coisas e uma mais próxima aproximação da verdade, a melancolia e apatia restringia-lhes a felicidade, pois impossibilitava-os de se fascinarem e seduzirem. E apesar de Felipe ter renunciado e se afastado conscientemente de tudo o que pudesse afastar da razão e colocá-lo em situação de risco emocional, o garoto não requeria consciência suficiente para poder escolher conscientemente abdicar de experiências e dos prazeres do fascínio e sedução, em prol de uma imagem (discutível) da realidade. Sim todas as crianças vivam numa utopia fantasiosa e efémera, mas… não será isso uma experiência que todo o ser humano merece? Afinal se algum é bom e nos permite alcançar alguns momentos de felicidade, não se deverá prolongar e preservar esses momentos? Deverá a realidade usurpar-se á felicidade? Será que o conceito de felicidade eterna, apenas por ser utópico, deve ser evitado? Felipe não sabia, mas Felipe lembrava-se dos bons momentos que o fascínio e a sedução lhe tinham proporcionado, Felipe reconhecia que se tinha deixado cair num caleidoscópio de deleite, que estava longe de o conduzir á verdade irrefutável, mas a verdade irrefutável é também ela utópica, e quando as nossas hipóteses de escolha são ambas utópicas, quem era Felipe para dizer que a opção é tão óbvia e linear para que se ignore a outra? Era isto que passava pela cabeça de Felipe enquanto o Mexilhão Brincalhão lhe pontapeava os glúteos e apitava numa buzina gigante.

 Nos dias que se seguiram Felipe escreveu uma crónica sincera e mais user friendly, sobre as duvidas que lhe ocorreram naquele dia, defendendo a protecção das fantasias infantis como “forma de prolongar a felicidade (objectivo de qualquer ser humano) por mais tempo”, esse texto permitiu-lhe uma taxa de aceitação dos leitores a rondar os 30% (era agora menos odiado que o cartoonista que fazia bandas desenhada a gozar com amputados, e com o autor da crónica “zona jovem” que tinha como classificação positiva a frase: “bué da fixe” e como classificação negativa a frase: “fatela meu” e se despedia do leitor com “curtem muito bacanos”). Essa taxa em junção com a pequena cunha do director permitiu-lhe mais uns anos de escrita esporádica, e os douradinhos suficientes até á data da sua morte por atropelamento de motorizada (acidente que lhe esmagou o crânio).  

 

sinto-me: pontapeado
música: Smells like teen spirit - Nirvana

.este tarado tem identidade (veja aqui qual)

.termos

 

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.este palhaço dise isto (e não fui á muito tempo)

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