Se ainda há alguém a ler isto, um bem haja, a sua persistência tem tanto de heroica como de incompreensível:
Cá fica então o "incidente Malkovich" com legendas e pequena introdução (era suposto enviar isto ao caça ao cómico, mas creio ter vindo tarde, pois não tenho visto desenvolvimentos na página do concurso):
E também uma bonita história contada por versos:
Encontrámos-nos, à porta do museu,
Para uma exposição de arte moderna.
A urgência de ir a tal evento, deveu-se, penso eu
Pelo facto da arte referida, estar longe de ser eterna.
E antes que a sua moda efémera passa-se,
Disses-te que me apressa-se,
E que às oito e meia te encontra-se
Para juntos desvendar-mos as sensibilidades
De potenciais talentosos, com ainda mais potencial fama.
Se bem que... sem querer ferir susceptibilidades,
Confesso que só te queria levar para a cama.
Encontrámos-nos então, oito e meia, em frente ao museu,
Estavas tu serena, vestida de negro, no meio de tão características personalidades,
Artistas, criticos de arte, e pessoas que com toda a força o querem ser.
Tive a sensação que no meio de tantas excentricidades,
Por não ser excêntrico destacava-me eu.
Cumprimentei-te cordialmente, dois beijinhos como a etiqueta manda fazer,
"Tudo bem"?
"Sim e tu"?
"Também".
"Vamos entrando?"
"A não ser que queiras acelarar as coisas... posso já pôr-me nú".
Sim, eu sei, eu disse isto
Porquê? Como raio é suposto eu saber?
Estava nervoso, esmagado por tanta intelctualidade.
Percipitei-me a negar a asneira que tinha dito:
"Estava a brincar, não era a sério, achas que me consegues perdoar"?
"Vamos a ver..."
O teu sarcasmo soou-me a animosidade.
E invariavelmente começei a corar.
"Meu relaxa, agora era eu que estava a gozar,
Consigo apreciar um homem com sentido de humor".
E piscaste-me o olho.
Pus-me confiante então, não havia razão para temor.
Entramos no museu, confessei-te não saber que ala ver primeiro,
"Deixa estar, eu escolho"
Disses-te, e nesse preciso momento deixei de ter controlo,
Dei-te a mão (metaforicamente, literalmente seria infantil e tolo)
E deixei-me guiar como um cordeiro.
Primeira aula do museu:
O artista que se expunha era um dadaísta contemporâneo,
Ou pelo menos foi o que li sobre ele no wikipedia.
Porque de arte moderna nada sei eu.
Em exposição, uma tela toda preta com um ponto vermelho
A tua atenção virou-se para ele de modo instatêneo.
7 em 10 pessoas não lhe prestaram atenção,
Mas tu fugiste a essa média...
Perguntei-te porque razão:
"Estou a apreciar a aleatoriadade do quadro"
"E o que é que há para apreciar nas coisas sem nexo?"
"O facto de não compreender-mos como acontecem, dá um prazer inesperado".
Bem tentei contrapor o teu postulado,
Mas falaste em prazer inesperado,
E só consegui pensar em sexo.
Passamos para a segunda ala do museu,
Estava exposto um artista plástico,
Que se enquandrava no pop-art, ou ready made, creio que ninguém percebeu
Mas todos sabiámos que era fantástico.
Caramba, estava exposto num museu.
Exposto num pedastral,
Dejectos fossilizados dum qualquer animal,
Com um tubo oco a atravessar,
"Merda com uma palhinha", segundo o vulgo popular.
Juntou-se a nós um amigo teu, para nos ajudar na nossa percepção:
"Que conclusões tiram desta sublime criação?"
Viraste-te para ele de repente,
Como se já tivesses uma resposta em mente,
E estavas apenas à espera duma altura para a expor concretamente:
"Para mim representa o tão almejado destaque social,
A populaça é peganhenta, suja e vil
Mas há uma escapatória, para os de sensibilade mais transcedental,
Que é o que representa este funil".
Devia ter sido este o meu primeiro sinal...
O tom de voz de superioridade,
Que usas-te para dizer tal barbaridade,
Não podia provir duma pessoa normal.
Mas preferi ignorar tais pensamentos,
Substitui-os pela ideia que vias algo de belo,
Mesmo no mais nojento dos ornamentos.
Estava errado, e tarde de mais fiquei a sabê-lo.
Bem impressionado com a tua apresentação,
Ficou o teu amigo recém-chegado.
Disse: "muito bem observado",
E prosseguio com a sua opinião:
"Para mim a obra representa a podridão do mundo,
A sociedade, é representada pelas fezes no fundo,
E nós sugamos pelo tubo,
Tudo o que ela nos dá de mais imundo.
Para os pobres de espírito, é como se fosse adubo."
Riste-te genuinamente da apreciação rebuscada,
E congratulaste-o talvez de forma exagerada,
Tendo em conta que era suposto seres a minha acompanhada.
Mas nem tive tempo para perceber que estava a ser ultrapassado,
Pois depressa as atenções viraram-se para o meu lado.
Já todos tinham dito o seu verdicto,
Só faltava a visão aqui do convidado
Estava bem fodid... estava frito.
Que acrescentaria eu depois de tão elaboradas teorias?
Nem achava a "escultura" nada de especial,
Devo ser eu, que sou rude, e insensivél, e tal
Mas merda vejo eu todos os dias.
Mesmo assim tinha que exprimir alguma ideia,
Para não parecer que só sirvo para debitar verborreia,
Olhei para a obra com a atenção que ela exige,
Mas de mim só saiu "eu acho que está muito fixe".
Vi a desilusão a apoderar-se gradualmente dos teus olhos,
Ahh! Porque raio não aprendi eu a falar com mais folhos?
Mas antes que pudesse elaborar as minhas palavras banais,
Interrompeu-me o gajo que estava ali a mais:
"Oh, a sua ingenuidade é poética meu caro"
O meu embaraço era tão proeminente,
Que nem notei que ele gozava comigo com todo o descaro,
E ainda agredci inocentemente.
Olhas-te para mim como quem olha para um pobre analfabeto,
E a partir dai deambulamos os três pela edificio
A ver "arte conceptual" sem nenhum conceito em concreto,
E eu na vã esperança que, se aguentasse o sacrificio,
Te pudesse levar para um sitio mais discreto,
Para te fazer coisas que ninguém sensato pode achar correcto.
Dei-me mal.
E a noite atingiu o seu final,
Quando, exaurido de tanta admiração,
Decidi descansar o corpo numa cadeira banal,
Que estava, convidativa, mesmo ao lado do portão.
Vieste ter comigo com os olhos horrorizados,
Comparando-me a um animal selvático,
Acusando-me de fazer estragos irremediados
Numa obra-prima dum conhecido artista plástico.
"Que obra?" Perguntei inócuo
" Esta cadeira, seu invertebrado obliquo"
(nem tentei perceber o insulto e continuei).
"Esta cadeira vulgar, onde ainda agora me sentei?"
"Sim, sua besta embrutecida,
Essa escultura que usas como assento
Representa a standartização duma sociedade esquecida
Da beleza, que descurou na sua vida,
E que em vez de viver no momento, apenas vive de momento".
Desisti então da nossa "relação".
E o que respondi foi só para justificar a minha acção,
Porque a noite perdida estava já.
Chamei-lhe então a atenção:
"Repara, diz aqui IKEA"
Disses-te que fazia parte,
E acusaste-me de não compreender a arte.
Juras-te que a palavra não me voltavas a dirigir,
E ameaças-te chamar o segurança, portanto começei a fugir.
Bela maneira de acabar um engate.
Voltarei a falar-vos um dia destes (esperemos mais cedo que tarde)
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