Adulação Atómica
São pequenas moléculas de energia,
São grandes porções de nada,
Que se dividem e subdividem…
Que se manifestam, em vãos reflexos duma mais vã sinergia.
São notas soltas duma harmonia desconcertada,
São dolorosos sopros, que rapidamente se esquecem, e penosamente se extinguem.
Repara, como prodigiosamente se agrupam,
Admira a complexidade dos seus movimentos,
Delicia-te com a inebriante forma com que te chamam.
Sim, é por ti que eles clamam,
É pelo teu toque que eles suplicam sofregamente,
É pela voracidade da tua ânsia que se arrastam subtilmente.
Ah, tão enternecedora é a forma como labutam…
São tão patuscos os seus desastrados gestos,
Que os meus braços esticam numa néscia esperança,
De arrebatar essa brisa, que só a minha emoção alcança.
Mas… Tal fantasia está além dos meus cândidos métodos,
E esse vento,
Que és tu, bailando harmonicamente conforme o ritmo do momento,
Trespassa-me tão completamente,
Que os exíguos resíduos que me ficam implantados,
Nada mais são que nostálgicos e oníricos pedaços,
De matéria incerta, que se divide e subdivide incessantemente,
Que se escorre do meu corpo conforme a velocidade dos teus passos.
Nas profundas mais atrozes
De tudo o que podemos convencionar
Habitam seres maus e ferozes
E um homem que raios lazer arco-íris pelos mamilos consegue disparar
A premissa em si é difícil de consentir
E a visão do fenómeno é inarrável
Tanto que não conseguimos pressentir
Que um homem que dispara raios laser arco-íris pelos mamilos
Pode ser bastante afável
Como sofre o nosso idiossincrático amigo
Neste mundo cruel e monocromático
A ironia dum monstro, que está em perigo
Por não se conseguir misturar neste ambiente apático
Mas por muito que nos doa
Não podemos estranhar a solidão, desta criatura de sonhos
É injusto, é reprovável, revoltante, põem em causa uma sociedade boa
Mas convenhamos…
É um homem que dispara raios lazer arco-íris pelos mamilos
Muito se falou desse ícone da música portuguesa que é Melão.
Muito, mas não o suficiente. Talvez pelo sentimento de intimidação que qualquer humilde mortal sente ao pronunciar o nome de Melão, talvez pelo simples facto que nada mais pode ser acrescentado a tão sublime espécime. Eu não sei, provavelmente o leitor também não saberá e creio que nem o próprio Melão faz ideia.
O que é certo é que a letra do single “Coração de Melão” é da melhor poesia contemporânea que o nosso solarengo país já viu.
Esta não é a primeira vez que discuto a poesia de Melão, mas sinto que nunca é demais apreciar e analisar o trabalho deste nosso tão conceituado artista. Atentemos então no refrão (e 78% da música) de “Coração de Melão”:
“Coração de melão
Melão, melão, melão
(ai) Coração de melão
Melão, melão. Melão”
Logo ao primeiro contacto apercebemo-nos que estamos na presença dum iluminado, a profunda metáfora entre melão e coração, a brilhante rima emparelhada entre melão/melão/melão/melão, o brilhante minimalismo em fazer uma quadra usando apenas 2 palavras, e o toque da interjeição “aí” a dar um pequeno lamiré à Álvaro de Campos.
Mas apesar de ser um poeta contemporâneo, Melão não descura os cânones clássicos. Reparem na contagem silábica: “Co-ra-ção de me-lão(6)/ me-lão me-lão me-lão (6)/ co-ra-ção de me-lão(6)/ me-lão me-lão (6)”.
Seis sílabas por verso, não cinco como na redondilha pequena, nem sete como na redondilha maior. E porquê? Porque se juntar mos o numero de sílabas de cada verso ficamos com o seguinte número: 6666. Ou seja 666(o número da besta)+6. Cá está o mais sublime de todos os pormenores de Melão. O Melão, que é uma besta, faz um poema onde se auto-invoca, aliás e não só se auto-invoca como ainda acrescenta mais um 6, porque Melão é uma besta, tudo bem, mas é mais que isto, Melão atinge o inatingível, Melão vai para lá da besta, Melão é uma besta extra uma autêntica Super Besta.
O primeiro concurso anual de poesia da Grotafunda abriu recentemente as suas inscrições.
Este concurso, promovido pela Junta de Freguesia da Grotafunda, Câmara Municipal da Grotafunda, Secretariado Cultural da Grotafunda e pelo Supermercado da Grotafunda (todos presididos pelo Zé), tem como objectivo prospectar toda a pitoresca freguesia da Grotafunda em busca dos seus espíritos mais sensíveis e de cidadãos alfabetizados, sondagens positivistas apontam para quatro, mas não queremos que tal seja motivo de euforia, até porque duas das pessoas que responderam sim á pergunta “é alfabetizado?” Apenas acenou a cabeça, uma outra disse: “han” e assumimos que esse vocábulo significava “sim” e a outra pessoa sou eu, e mesmo assim começou a sentir fortes dúvidas sobre a minha resposta.
Porque me deixas-te?
Terão sido as trevas de alma minha
Ou o facto de eu bater-te
E copular com a vizinha?
Por favor volta para mim
Porque o serviço de adopção
Requer um casal, enfim
Para ceder um órfão, que trabalhe na plantação
Perdoa-me por não compreender
As idiossincrasias do teu ser
E também por não saber
O que gonorreia quer dizer
Mas para sintetizar
Que a vida é curta e a ocasião mais tempo não me cede
Digo-te que é um homem diferente, aquele para que estás a olhar
Um homem que só te bate, quando o Benfica perde
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