Terça-feira, 24 de Setembro de 2013

Crítica "O Filme do Desassossego" de João Botelho

 Nunca li o “Livro do Desassossego” mas preferia lê-lo a ver o “Filme do Desassossego”, o que sumariza perfeitamente a minha opinião sobre este filme: apetece-me fazer outra coisa em vez de o ver, como escrever esta crítica, por exemplo.

 O “Filme do Desassossego” tem frases bonitas (extraídas na sua quase totalidade da obra adaptada, tanto quanto o tom de declamação constante nos dá a entender) e imagens bonitas, como anúncios ou algumas estações de metro e também partilha da mesma consistência narrativa que estes dois exemplos.

 A sinopse do “Filme do Desassossego” acessível no Imdb começa assim “A própria matéria dos sonhos torna-se física, palpável, visível”. Fazendo fé nestas palavras, os sonhos são feitos de óbvio. Como estar deitado sozinho num sótão a falar sobre solidão. Ou andar numa biblioteca enquanto discursa sobre a língua portuguesa, ou falar sobre grandes imperadores num restaurante de luxo, talvez João Botelho sonhou assim enquanto apoiava as mãos trémulas no Livro do Desassossego e esgalhava uma punheta intelectual adornando de desnecessário a obra adaptada

 Mesmo sem ter lido o Livro do Desassossego estou confiante quando afirmo que este filme não acrescenta nada à obra nem interpreta, cinematograficamente falando, o livro, apenas recoloca o texto em imagens bem filmadas mas mal concebidas incapazes provocar em circunstância alguma a mínima surpresa ao espectador que não tem também nenhum conflicto ou narrativa para manter o investimento no filme. É confiada ao texto original (e/ou interpretações escritas e ditas em forma de ensaio) a tarefa de nos manter sentados a ver o filme o que por si só apenas nos vai deixar com interesse de ler o livro.

 Não há história, apenas um Bernardo Soares melancólico a ler o seu livro enquanto executa tarefas e posses presentes em qualquer bom videoclip duma qualquer banda de rock chorante. Também vemos outras personagens sobre as quais nada sabemos a declamar coisas do livro enquanto fazem a sua vidinha. Muitas delas cantam, porque é uma boa forma de adaptar textos e não acarreta nenhuma preocupação chata como “contexto”.

 Se nutre interesse pela obra de Fernando Pessoa e/ou o Livro do Desassossego, leia o Livro do Desassossego se se sente inseguro sobre a sua inteligência e quer ver um filme de aspecto intelectual veja o Filme do Desassossego.

PS: O final deste filme é tão óbvio que a meio do filme cheguei a pensar que eles não tinham coragem de o fazer, mas enfim que esperar dum filme onde o único gajo preto que fala faz rap.

sinto-me: aborrecido

.este tarado tem identidade (veja aqui qual)

.termos

 

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.este palhaço dise isto (e não fui á muito tempo)

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