Não sei se já tiveram a oportunidade de ver o novo anuncio que aborda a compra do automóvel “Fiat Punto”, mas se já tiveram provavelmente concordaram comigo que é algo que desafia as regras da lógica e da decência, da mesma maneira que uma freira com mamas grandes desafia um pároco.
O anúncio começa com a vista de cima de um trampolim olímpico, depois um grupo de pessoas (vestidas como ginastas olímpicos) começam a saltar no trampolim demonstrando as suas habilidades no trampolim. Pequena particularidade, todas estas pitorescas personagens, estão a segurar cartazes que indicam todas as vantagens de comprar o seu automóvel num concessionário Fiat. Para terminar, o grande final: um Fiat Punto cai em cima do trampolim e começa a saltar compulsivamente, insultando a lei da gravidade com obscenidade tal que a mesma jurou ir chamar o seu pai.
Porque raio alguém iria querer comprar um carro que está a saltar num trampolim olímpico? O que é suposto nós pensarmos? “Olhem um carro que salta num trampolim olímpico. Vai dar mesmo jeito quando me despenhar num abismo, e no fim desse abismo houver um trampolim olímpico, como é bastante comum.”
Mas a piece da resistance, vem no fim no anúncio, onde eles dizem que nos oferecem até quatro mil e quinhentos euros pelo nosso carro antigo, acontece que no anuncio, onde se pode ler "oferecemos até 4500€ pelo seu antigo automóvel", é possivel ver também um asterisco de tamanho considerável, coisa gira, não se conseguem ler as letras correspondentes a esse asterisco, resumindo, os bons senhores da Fiat não se importam que o povo saiba que eles lhe estão a mentir, apenas não querem que o povo saiba qual é a mentira.
Neste dia 1 de Janeiro poderia estar a fazer imensas coisas, e levar a cabo um impressionante numero de projectos, em vez disso estou a escrever isto, não sou um individuo ambicioso, aliás apenas tive 3 resoluções de ano novo foi “conseguir comer 4 tabletes de chocolate 70% cacau em menos de meia hora e não vomitar”, uma outra foi “descobrir a cura para o cancro, num laboratório do Eritreia, enquanto como panquecas, pratico a copula desenfreada com as 3 meninas dos anúncios da TV cabo em simultâneo e puxo um camião com os dentes” e por fim “tornar humanamente possível praticar a copula com 3 pessoas ao mesmo tempo”. Mas adiante…
Reparei recentemente que a palavra “próspero” e utilizada praticamente apenas no ano novo. Esta palavra, que goza de um estatuto de certa forma “erudito” (ao contrário da palavra “puta” que é pura ralé lexical) passa todo o na desapercebida, até sensivelmente o dia 20 de Dezembro, onde se passa a desejar “um feliz natal e um próspero ano novo”.
E porquê? Pergunto eu, “próspero” é uma palavra tão boa, que deseja coisas tão agradáveis. Será que tem a ver com a grandiosidade, do que se deseja “próspero”?
Vejamos, um “ano novo” é um ano inteiro, é muito tempo, já um “fim de tarde” é algo bem mais rápido e momentâneo. Dai talvez fazer sentido um “próspero” para dividir por um ano inteiro, e um “agradável” bem menor em termos de felicidade para um simples fim de tarde. Sim porque ninguém quer um fim de tarde demasiado bom. Para já porque não seria justo para as outras pessoas que têm um fim de tarde simplesmente “agradável”. E depois porque iria tornar todos os outros fins de tarde deprimentes, depois de se experimentar um “próspero fim de tarde” um “agradável fim de tarde” iria sempre saber a pouco.
Sendo assim podemos relacionar o grau do desejo de felicidade, com o tempo que se deseja “feliz”. Sendo assim:
Agradável – Utilizado para períodos de tempo bastante curtos, tais como “fim de tarde”.
Feliz – Utilizado para períodos de tempo relativamente pequeno (um dia em geral) mas de grande importância, tais como “aniversário” ou “natal”.
Bom – Utilizado para períodos de tempo maiores, tais como “Bom fim de semana” ou “boas férias”.*
Próspero – O maior de todos os desejos de felicidade, por ter um poder tão grande, é apenas utilizado para desejar um bom ano, o uso abusivo deste desejo pode ter consequências terríveis, daí nunca ser utilizado noutra situação.
*Algumas pessoas mais hiperbólicas utilizam o “bom” também para um dia ou tarde, ou até mesmo noite, convém realçar que este “bom” não igual ao “Bom” de um “Bom fim-de-semana” por exemplo*
*Isto é uma nota de rodapé, de uma nota de rodapé, achei giro assinalar isto
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